Suzana Herculano é a primeira brasileira a falar na prestigiada conferência TED. Ela debaterá o cérebro de 86 bilhões de neurônios (e não 100 bilhões, como se acreditava) e como o homem se diferenciou dos primatas.
Mais detalhes você vê aqui na reportagem.
Neurocientista da UFRJ, Suzana Herculano-Houzel é a primeira brasileira a participar da TED (Tecnologia, Entretenimento e Design, em português) — prestigiada série de conferências que reúne grandes nomes das mais diversas áreas do conhecimento para debater novas ideias. Suzana falará no dia 12 de junho, sob o tema “Ouça a natureza”, e destacará suas descobertas únicas sobre o cérebro humano.
SOBRE O QUE VAI FALAR NA TED.
Vou falar sobre o cérebro humano e mostrar como ele não é um cérebro especial, uma exceção à regra. Nossas pesquisas nos revelaram que se trata apenas de um cérebro de primata grande. O notável é que passamos a ter um cérebro enorme, do tamanho que nenhum outro primata tem, nem os maiores, porque inventamos o cozimento dos alimentos e, com isso, passamos a ter um número enorme de neurônios.
O COZIMENTO FOI FUNDAMENTAL PARA NOS TORNARMOS HUMANOS?
Sim, burlamos a limitação energética imposta pela dieta crua. E a implicação bacana e irônica é que, com isso, conseguimos liberar tempo no cérebro para nos dedicarmos a outras coisas (que não buscar alimentos), como criar a agricultura, as civilizações, a geladeira e a eletricidade. Até o ponto em que conseguir comida cozida e calorias em excesso ficou tão fácil que, agora, temos o problema inverso: estamos comendo demais. Por isso, voltamos à saladinha.
SE ALIMENTARMOS ORANGOTANGOS E GORILAS COM COMIDA COZIDA ELES SERÃO TÃO INTELIGENTES QUANTO NÓS?
Sim, porque não seriam limitados pelo número reduzido de calorias que conseguem com a comida crua. Claro que nós fizemos uma inovação cultural ao inventar a cozinha. Tem uma diferença entre dar comida cozida para o animal e ele ter o desenvolvimento cultural do cozimento. Mas, ainda assim, se em todas as refeições eles tiverem acesso à comida cozida, daqui a 200 mil ou 300 mil anos eles terão o cérebro maior. Com a alimentação que têm hoje, não é possível terem um cérebro maior dado o corpo grande que têm. É uma coisa ou outra.
Saiba mais:
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