OS BRINQUEDISTAS
Certamente, não se constrói uma brinquedoteca sem otimismo. É preciso tê-lo em relação ao projeto e comunicá-lo aos outros. O sentimento de esperança faz parte do contexto e a capacidade de amar a humanidade é indispensável. Mas estas não podem ser apenas afirmações românticas, pois, como disse Jeal Vial, esta profissão não suporta amadorismo. O que se exige de fato é que o nível de participação de um brinquedista requer qualidades pessoais específicas.
As qualidades essenciais para um brinquedista incluem:
1. Sensibilidade: É preciso ser sensível o bastante para respeitar a criança e perceber todas as nuances de seus pensamentos e sentimentos, para agir sem ferir suscetibilidades, limitar seu desempenho ou dirigir processos que devem ser espontâneos.
2. Entusiasmo: A alegria é fundamental para favorecer o lúdico. Por outro lado, sem entusiasmo não é possível contaminar o ambiente de forma estimuladora, necessária para novas tentativas e para propagação da criatividade.
3. Determinação: É preciso não desistir, apesar das dificuldades e imprimir um ritmo determinado ao trabalho, caso contrário ele não se desenvolverá a contento. Mesmo que, por vezes, pareça desnecessário cumprir o combinado, abrir em um certo dia ou organizar certas atividades, é preciso manter o ritmo estabelecido. Algumas coisas parecem não ser importantes se forem consideradas isoladamente, porém, com visão do conjunto, constataremos que até um pequeno elo partido pode quebrar a corrente. É preciso determinação para trabalhar mesmo quando parece não valer a pena: um dia veremos que valeu.
4. Competência: As boas intenções não asseguram bons resultados. Se não estudarmos, não refletirmos profundamente sobre o que estudamos, o que observamos e o que fazemos, poderemos errar muito. Uma tarefa bem feita precisa de preparação. É indispensável conhecer como a criança pensa, se desenvolve e quais são suas necessidades nas diferentes etapas do seu desenvolvimento. O brinquedista é um educador e, como tal, precisa de formação acadêmica. O conhecimento sobre o desenvolvimento infantil é tão importante que a equipe da brinquedoteca deve manter reuniões de estudo e discussão de casos. Faz parte também da capacitação do brinquedista o conhecimento sobre brinquedos e jogos. Para essa finalidade são muito importantes as sessões de análise de brinquedos e experimentação dos jogos e de suas regras.
De maneira geral, o brinquedista deve ser uma pessoa capaz de rir facilmente, mesmo nos dias mais cansativos; possuir boa capacidade de se comunicar e paciência para lidar com a inquietude das crianças e com as exigências de certos pais. Alguém que tenha disponibilidade afetiva para brincar muitas vezes; que não se apavore com a desordem e encare bem ter que arrumar tudo várias vezes. Acima de tudo, que goste muito de brincar.
Será que existem pessoas com todas essas qualidades? Existem sim: são aquelas que se solidarizam com as crianças e que, por amor a elas, querem proporcionar-lhes horas felizes na brinquedoteca.
Brincar com uma criança é uma forma de demonstrar amor por ela, mas... somente quando tivermos certeza de que isto é o que ela deseja. Algumas vezes, os adultos interferem sem necessidade, só para dar sua opinião ou para tentar dirigir a brincadeira, não respeitando, assim, o tempo da criança nem seu jeito de brincar.
Não se deve interromper a concentração de uma criança que está brincando. O momento em que ela está totalmente absorvida pelo seu brinquedo é muito especial, um momento mágico e precioso, onde ela exercita uma capacidade da maior importância e da qual dependerá sua eficiência profissional quando for adulta, a capacidade de observar e de manter a atenção concentrada.
Brincar junto reforça os laços afetivos. Geralmente, as crianças gostam que um adulto brinque com elas, pois a presença dele dá mais importância ao jogo. Somente com humildade e sensibilidade se pode perceber se é hora ou não de intervir, entretanto, se não houver um convite por parte da criança, a interferência do adulto deve se limitar a uma sugestão, um estímulo, um esclarecimento ou uma participação de igual para igual, para não haver restrição à iniciativa das crianças.
Um aspecto muito positivo da participação do adulto no jogo pode ser a introdução do hábito de guardar os brinquedos quando a brincadeira terminar. Os pais, a professora ou o brinquedista podem fazer com que o ato de guardar seja uma parte natural da atividade realizada alegremente. Quando as crianças ajudam, mesmo que seja só um pouquinho, com o tempo vão adquirindo o hábito de deixar as coisas arrumadas.
Para os casos em que uma pequena ajuda é necessária para motivar as crianças ou para enriquecer a brincadeira, damos algumas sugestões:
· Apresente o brinquedo à criança demonstrando interesse.
· Explique as regras do jogo.
· Introduza propostas novas.
· Aumente as oportunidades em todos os sentidos.
· Estimule a solução de problemas.
· Reduza a dificuldade quando a criança estiver para desistir.
· Aumente as dificuldades se o jogo for fácil demais.
· Encoraje as manifestações espontâneas.
· Escolha brinquedos adequados ao interesse e ao nível de desenvolvimento da criança.
· Prepare o ambiente, mas não conduza a atividade. Deixe que a criança tome a iniciativa.
· Dê tempo para que a criança possa explorar o material.
· Deixe que ela tente sozinha mas esteja disponível se ela pedir ajuda.
· Simplifique a atividade se verificar que está sendo muito difícil para ela e gradualmente vá aumentando a dificuldade para manter o desafio.
· Encoraje e elogie, mas sem infantilizar a criança.
· Alterne sua participação com a da criança se isso a motiva.
· Não deixe a atividade esgotar-se até saturar a criança. Pare na hora certa para que ela tenha motivação para brincar outro dia.
· Transforme o ato de guardar o jogo em uma atividade alegre e rotineira.
· Não diga que a criança errou. Ela apenas ainda não aprendeu. Faça com que ela sinta que é capaz de aprender e dê-lhe o tempo que ela precisar para isso.
ATIVIDADE
1. Proponha uma maneira divertida para as crianças guardarem os brinquedos no termino do período, visto que essa atividade estimula o habito de deixar as coisas arrumadas.
2. Sugira uma oficina para consertar os brinquedos quebrados.
3. Tendo em vista que a troca de brinquedos é importante – já permite que as crianças tenham contato com diversos brinquedos –, elabore uma proposta que permita essa experiência à criança.
SUGESTÃO DE LEITURA
CUNHA, Nylse Helena Silva. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. 4ªed. São Paulo. Aquariana. 2007.
Fonte: http://formacaodobrinquedista.blogspot.com.br
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