sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A importância da brinquedoteca escolar para o processo de aprendizagem

Leiam esse artigo e veja como abrinquedoteca é muito importante no desenvolvimento da aprendizagemda criança.

A importância da brinquedoteca escolar para o processo de aprendizagem
Introdução
Percebe-se atualmente que as crianças não têm mais tempo para as brincadeiras de forma livre. Se junta a isso a falta de tempo dos pais que trabalharam em tempo integral, sendo os filhos deixados aos cuidados de outros que não tem a preocupação com o que os mesmos estão preenchendo o seu tempo livre. As crianças passam muitas vezes o período que não estão na escola na frente da TV, games, computadores, etc. Ao chegarem à escola, normalmente se deparam com salas de aula numerosas, na qual a professora tem que dividir seu precioso tempo em 30 ou mais alunos. Voltando se para essa realidade comum do dia a dia destas crianças, nota se que estão carregadas de energia que precisam ser extravasadas. No recreio elas não sabem se tomam o lanche ou se brincam (15 a 30 minutos) e retornam para a sala mais agitadas ainda porque não tiveram tempo hábil para brincar.  No momento de recreação em sala, os brinquedos ficam em um canto da mesma que não comporta todos os alunos porque a sala está abarrotada de carteiras. Frente à ordem de ficarem sentados e brincarem somente naquele local vindo pela professora, torna se inviável. O dia da recreação no parque em horário determinado, também se torna muito complicado em função de ser um espaço pequeno, onde se torna palco de disputa entre os poucos brinquedos oferecidos e a demanda.  É importante salientar aqui que o brincar é essencial para promover o desenvolvimento da capacidade simbólica das crianças, possibilitando lhes a compreensão das regras sociais, a cooperação etc. Diante de tais observações, acredita se na importância de uma brinquedoteca escolar oferecendo um espaço adequado que atenda as faixas etárias diversas contribuindo assim, para o desenvolvimento acadêmico com qualidade.
O interesse em elaborar esse projeto, partiu da observação e percepção da realidade das crianças que vivem nas proximidades. Crianças "impedidas" de criarem seus próprios brinquedos, fazendo uso de coisas prontas e objetos tecnológicos de ponta que mediante comandos fazem bravuras. Crianças que passam suas preciosas horas de recreação, sentadas na frente do vídeo game, TV e outros joguinhos eletrônicos que limitam a criatividade e embotam a Inteligência. Crianças que vão para a sala de aula, exaustas de ficarem sentadas fazendo essas atividades, sem condições de enfrentarem um período de 5 horas na mesma posição se tornado inquietas, dispersas, sonolentas e irritadiças e sem controle. Na hora do recreio que nem entendo porque recebe esse nome, porque não dá tempo para quase nada a não ser tomar o lanche.  Onde as crianças não sabem se comem ou se brincam e repetidas vezes fazem os dois ao mesmo tempo de forma incompleta, voltando para fila e até para sala, muitas vezes comendo. Ao retornar a sala estão eufóricas e inquietas mais do que antes porque só aguçaram o desejo de brincar, conversar com os colegas, "trocar figurinhas" e o pior, não descarregaram a energia acumulada já mencionada.
A intenção com a brinquedoteca escolar é proporcionar um espaço de qualidade para que o lúdico faça parte do desenvolvimento dessa criança.
A questão que norteia esse artigo é: Qual a importância da Brinquedoteca escolar para o processo de aprendizagem?
Para elucidar tal questão este artigo tem como objetivo analisar a importância da brinquedoteca escolar para o processo de aprendizagem.
A metodologia deste artigo é a pesquisa bibliográfica.
Brinquedoteca escolar conceituada por diferentes autores
Para discorrer sobre o assunto fez se necessário enriquecer o conhecimento com contribuições teóricas de diversos autores que norteassem a pesquisa. É importante frisar que existe uma gama de material teórico bastante rico e diversificado de autores que defenderam a importância da Brinquedoteca e consequentemente o lúdico na vida da criança.
A brinquedoteca como o próprio nome sugere está relacionado ao brincar, ao lúdico como já mencionado. Para falar sobre a mesma não se pode deixar de falar da precursora da Brinquedoteca no Brasil que afirma: A "Brinquedoteca é um espaço criado para favorecer a brincadeira" (CUNHA, 2007, p.13).
Sendo um espaço que facilita a brincadeira porque favorece o desenvolvimento; propiciando a troca, o respeito mútuo, convívio com regras, a socialização e pode tirar a criança nem que seja por instantes diários, dessa "letargia", comodismo e tempo ocioso.
 A brinquedoteca na escola pode ajudar a criança desenvolver um bom conceito de mundo, um mundo onde ela é respeitada em sua individualidade e suas potencialidades, local onde o afeto a aconchego é levado em conta e onde a criatividade é estimulada.
Na sociedade atual há valorização excessiva do conteúdo pedagógico formal por acreditar ser o mais importante e o que vai promover formação adequada para a criança crescer e galgar posições de confiança no mundo dos negócios na vida adulta. Ignora se o fato de que o lúdico é de fundamental importância para que a criança viva seus sonhos e fantasias que lhe dará segurança para enfrentar a realidade posteriormente. Isto é, experimentou no mundo do "faz de conta" (onde tudo é possível) a construir, ganhar, se desiludir, vencer obstáculos e superar frustrações; atributos que fortalecem a personalidade e na vida adulta, no mundo dos negócios, tomar decisões e resolver conflitos com mais tranquilidade. Capacidade de discernir!
Faz-se necessário compreender a importância do brincar e para isso destaca se Piaget (apud, VECTORE e KISHIMOTO, 2001, p.8) que "entende o brincar como fator de desenvolvimento cognitivo e forma de adequação ao mundo externo, um aspecto ativo, agradável e interativo do desenvolvimento intelectual".
Cunha (2007, p.9) propõe a brinquedoteca com o objetivo de "Alimentar a vida interior das crianças".
É brincando que a criança explora o "ambiente" e enriquece o conhecimento, aprende discernir entre o certo e o errado. O que pode realizar no plano fantasioso e como se comportar em relação aos aspectos formais (inclusive no plano acadêmico); respeitando regras e imposições da sociedade onde está inserida. Lima e Delmônico (2010, p. 1), também defendem.
 Brinquedoteca como um espaço que privilegia o brincar e o lúdico como aspectos importantes para a construção da aprendizagem bem como para a construção da identidade e alcance de autonomia. Um ambiente que acolhe e promove estímulo adequado para o desenvolvimento de habilidades e capacidades da criança em seu contexto histórico-social e cultural.
Contribuindo com os aspectos conceituais do lúdico, (VIGOTSKY, 1984, apud REGO, 2011, p.80) afirma que "o brinquedo é uma importante fonte de promoção do desenvolvimento da criança".
A seguir destaca se também para essa explanação o apoio de Winnicott (1975, p. 80 apud FRANCO, 2003, p. 13) dizendo que: "O brincar é essencial, porque é através dele que se manifesta a criatividade".
Criatividade, embotada na sociedade atual! Afinal criar exige ação, raciocínio, objetos, exploração do meio e isso já não são tão práticos como dar o comando de um jogo eletrônico, por exemplo, ou simplesmente assistir algo pronto nos meios de comunicação.
A brinquedoteca na escola proporcionará espaço para esse tipo de brincadeiras como Cunha (2007, p. 17) salienta que a brinquedoteca é: {...} "responsável por mediar à construção do saber, em situações de prazer, com gosto de aventura, na busca pelo conhecimento espontâneo e prazeroso". Portanto, incentiva extravasar sentimentos, explorar conhecimentos e experimentar emoções.
Vectore e Kyshimoto (2001, p. 9) complementam as definições anteriores falando que a "brinquedoteca propicia a vivência de diferentes situações: é o espaço dedicado às fantasias, às brincadeiras de casinha, ao consultório médico, à leitura, etc.".
Lima e Delmônico (2010, p. 1) também afirmam que "no ambiente da brinquedoteca, o brincar supri algumas necessidades da criança, tais como: expressar, participar, transformar, desenvolver, aprender e atuar com subjetividade no cotidiano escolar, na sociedade e na sua cultura".
Percebe se que é se faz necessário o resgate do brincar "inteligente" e criativo; o brincar espontâneo e natural. O brincar que acrescenta, humaniza, valoriza, enobrece e torna crianças em sujeitos capazes de encarar as diversas situações da vida até a fase adulta porque fortalece o intelecto.
Segundo Cunha (2007, p.30,) "Brincando a criança pode aprender a gostar de trabalhar porque, na atividade descobre o prazer de estar ocupada". [...]
E para encerrar esse tópico, outra citação importantíssima de Cunha (2007, p.31) quando diz que: "A criança que participa de muitos jogos e brincadeiras, aprende a trabalhar em grupo; por ter aprendido a aceitar as regras dos jogos saberá, também respeitar as normas sociais".
Referenciada se por esses autores e outros que se fizerem necessário relacionar se há pressupostos, de que forma o brincar influencia a aprendizagem.
Influência do brincar na aprendizagem
Quando se fala em Brinquedoteca se pensa em brincar e pensando nessa palavra, em aprendizagem, lúdico; obviamente pensa se em criança. Embora não sejam aspectos relevantes somente às mesmas; pois adultos também brincam, aprendem e se divertem ou pelo menos deveriam. Mas, deve se ressaltar que nesse discurso em específico o raciocínio volta se para as crianças.
Para este trabalho destaca se duas classes de crianças. Aquelas que são prisioneiras em seu próprio lar no período inverso a escola que preenchem seu tempo com jogos eletrônicos, videogames, TV, computador ou qualquer outra atividade que independe de comunicação. Crianças que passam horas de forma passiva, ouvindo e assimilando conteúdos que não lhes acrescentam nada positivo. Ao contrário, são crianças que apenas reproduzem coisas sem sentido, sem afeto, sem emoção. São crianças com pouca ou quase sem criatividade, com embotamento da capacidade. Não que não sejam inteligentes, mas sim, porque não ousam, porque não foram estimuladas a brincar, criar, fazer de conta, interagir e se comunicar com os outros.  Essa é parte de um grupo de crianças que vivem nas grandes metrópoles na era da tecnologia onde a um simples comando tudo se torna mágico e radiante. Pais que trabalham tempo integral delegando suas responsabilidades quanto à educação dos filhos a terceiros (babá, creche, escola integral, avós e outros familiares) que desempenham tal função dentro dos seus limites e interesse.
"Os games, jogos virtuais, não tem a mesma dimensão simbólica de uma brincadeira com carrinhos ou bonecas". (MEIRA, 2003, p.2).
 Mas infelizmente, são eles que têm ocupado a mente e o precioso tempo das crianças da sociedade moderna. São perfeitos, porque calam, impedem a comunicação entre pais e filhos, entre amigos, tiram as crianças dos parques, dos bosques, dos clubes, das praças. Promovem mais tempo para quem não quer "perder o tempo" (quem acompanha a criança no dia a dia) dando atenção para as famosas "tagarelices" de crianças que amam conversar, interagir e aprender, criar e recriar nesse relacionamento saudável que está quase em extinção.
Carneiro (2008, apud LIMA & DELMÔNICO, 2010, p.) descreve que, "as brincadeiras voltam-se para o individualismo e a competitividade, o uso dos brinquedos eletrônicos, a televisão passaram a disputar a atenção das crianças", acarretando problemas de sociabilização, integração e interação entre as pessoas, e principalmente entre as crianças.
É comum ouvir as crianças quando estão juntas, que a conversa está sempre voltado para quem tem o melhor game, o celular top, em que fase de um determinado jogo se encontra e quem tem o melhor computador dando preferencia à marca, quem tem o melhor pacote de serviço de dados, quem tem mais canais de TV por assinatura, e assim sucessivamente.  A lista é gigantesca. É explicita aqui a competitividade que Carneiro (2008) fala. Enquanto o lúdico está cada vez mais sendo esquecido e fora de "moda".
 E Kyshimoto (2008, p. 3) também afirma que "ninguém nasce sabendo brincar, o brincar pressupõe aprendizagem social".
Daí a importância de resgatar o lúdico na sociedade, em que as crianças e principalmente as que vivem nas grandes metrópoles, não tem espaço adequado para brincar de pega-pega, jogar bola, brincar de esconde-esconde, brincadeiras de rodas, polícia e ladrão etc. Restringindo se na maioria das vezes o "brincar", ao espaço que tem dentro de suas casas e apartamentos com cômodos pequenos nos quais os games e jogos eletrônicos ganham campo porque se tornam mais interessantes atraentes.
Cunha (2001, p.14 apud MALUF, 2003) já afirmava que "atualmente as crianças não têm um pátio para brincar".
São notáveis entre as crianças que moram em condomínio as desaprovações quantas regras rígidas quanto ao espaço disponível. Habita se em um lugar que "nada pode". Não pode andar de bicicleta, de patinetes de esqueites, patins alegando não ser o local apropriado, mas não oferecem o mesmo. E quando oferecem não atendem a demanda.
Percebe se que o lúdico vai sendo banido da vida das crianças por tudo e por todos.
 Entende se a partir de Bomtempo (1999, p. 3), que "o jogo ou brinquedo são fatores de comunicação mais amplos do que a linguagem em si, pois propiciam o diálogo entre pessoas de culturas diferentes".
Portanto, se a criança não se relaciona com outras através do brincar como se forma laços sociais e culturais? Entende se que se isso não ocorre, as crianças estão crescendo e se desenvolvendo, voltadas para seu "mundinho" tornado se egocêntricas, introvertidas, intolerantes incomunicáveis, etc.
As famílias, por comodismo ou por falta de esclarecimentos parecem se neutralizarem frente a tais circunstâncias.
Para Meira (2003, p. 5), "é comum os pais assistirem como espectadores ao espetáculo cotidiano que as crianças revelam em sua infância".
E parafraseando a autora acima; tais pais sem julgamento, proibições ou interferências, somente se preocupam em oferecer aos filhos em demasia tudo que lhe são mostrados virtualmente. Porque o questionamento aqui pode ser ultrapassado e não fazer parte da vida de "famílias modernas".
Tudo isso se torna mais caótico porque quanto mais oferecem mais as crianças exigem os lançamentos; o moderno, o de tecnologia de ponta. E o brincar criativo vai perdendo seu espaço naturalmente da vida dessas crianças.
E Cunha (2007, p.12) alerta sobre esse aspecto, afirmando que "todas as crianças precisam brincar, mas nem todas têm essa oportunidade".
A segunda classe de crianças em discussão aqui são aquelas, as quais seu tempo é preenchido pelos pais, com outras atividades como o inglês, francês, kumom, música (dois ou mais instrumentos), computação, algum tipo de esporte, com a justificativa de prepará-las para o mercado de trabalho e o mundo dos negócios, onde só vence o melhor. São crianças transformadas em adultos precocemente.
Nesse contexto Burghardt, (1998); Smith, (1982); Smith, Cowie & Blades, (1998) (apud MAGALHÃES E PONTES, 2002, p. 4) salientam que uma supervalorização da escolarização para responder às exigências mercadológicas da industrialização propiciou a saturação do tempo da criança com deveres e afazeres, restando muito pouco para as atividades lúdicas criativas espontâneas.
As brincadeiras criativas, o mundo do faz de conta, importantes para o desenvolvimento completo perdem terreno para os citados acima.
Segundo Cunha (2007, p.12) os brinquedos são parceiros silenciosos que desafiam a criança possibilitando descobertas e estimulando a expressividade. É preciso haver tempo para eles e espaço que assegure o sossego para que brinquem e soltem sua imaginação, inventando sem medo de desgostar alguém ou ser punida.
 Brinquedoteca é um espaço criado para favorecer a brincadeira. É um espaço onde se brinca livremente, com todo o estímulo à manifestação de suas potencialidades e necessidades lúdicas.
Diferentemente de Cunha (2007, op. Cit.) para Vygotsky (apud, REGO 2011, p.80) "brinquedo não é o objeto em si, mas sim o ato de brincar". Ou seja, não adianta encher a criança de brinquedos, dos mais sofisticados e diversos possíveis, se a mesma não tem oportunidade de criar seus próprios brinquedos, usando sua imaginação, fantasias e explorar suas potencialidades que é o que promove ao desenvolvimento cognitivo saudável.
Refletindo sobre crianças durante o chamado recreio (que de recreativo nada tem), ou melhor, hora do lanche onde as crianças se apresentam agitadas, pois não sabem se tomam o lanche ou se brincam. É notável a necessidade de brincar, conversar que persiste entre elas.  Justifica se pelo fato de chegarem à escola com energia acumulada por tempo ocioso ou cansada devido à rotina do período fora da escola por excesso de atividades como foi dito e também não encontram um espaço para as brincadeiras, para o lúdico. Um momento onde possam extravasar suas energias de forma livre; sem cobranças e obrigatoriedade.
As salas de aula tornam-se locais estressantes, barulhentos, com crianças irrequietas, sem limites e com dificuldades de concentração. O aprendizado torna se um fardo, sem motivação; não prazeroso. Regras e mais regras, deveres a serem realizados com perfeição e tempo cronometrado para as diversas atividades. Sem falar que a sala de aula muitas vezes é vista pela criança como o local das proibições; não pode conversar, não pode levantar, não pode sair, não pode virar pra traz. O brincar é sempre colocado em ultimo plano, Sem contar as ameaças e punições que as crianças ouvem e recebem como: Só vai sair para brincar quem for mais comportado ou quem fizer todas as atividades.
É importante ressaltar que o brincar deve fazer parte do cotidiano da criança e ser algo prazeroso sempre e não ser usado como recompensa para bom comportamento.
Cunha (2007, p. 17) descreve a Brinquedoteca como "responsável por mediar à construção do saber, em situações de prazer, com gosto de aventura, na busca pelo conhecimento espontâneo e prazeroso", e ainda, incentiva extravasar sentimentos, conhecimentos e emoções.
O professor com a difícil tarefa de dar o conteúdo exigido pela instituição, o número excessivo de alunos em sala, alunos com necessidades especiais, sem professor auxiliar A tarefa torna se árdua e muitas vezes incompleta pelo fato de não conseguir trabalhar o lado emocional, afetivo e social com qualidade visto que, o que se prioriza é "dar conta do conteúdo" exigido e cobrado com veemência pela coordenação que por sua vez é cobrada pelos familiares que também não tem conhecimento da importância do brincar na vida de uma criança.
Faz-se necessário a conscientização por parte da instituição escolar sobre a necessidade do brincar de forma espontânea, para o desenvolvimento intelectual, emocional e social da criança.  Quando a instituição tiver essa cultura incorporada torna se mais natural conscientizar aos pais sobre essa importância.
Puga e Silva (2008, p.1, apud, LIMA & DELMÔNICO, 2010, p. 5), afirmam que a Brinquedoteca contempla os seguintes objetivos educacionais:
[...] resgatar para o âmbito da escola o caráter lúdico das atividades pedagógicas; oferecer para a criança no seu espaço escolar uma variedade de brinquedos; estimular a interação entre pais e filhos por meio dos jogos; valorizar o ato de brincar, respeitando a liberdade, a criatividade e a autonomia, possibilitando assim a formação do autoconceito positivo da criança; resgatar a brincadeira na vida do educando para a salvaguarda infantil; permitir a liberdade e conscientizar pais e professores sobre a importância do brinquedo para a criança e o significado que ele tem para o seu desenvolvimento afetivo, social, cognitivo e físico.
Para Denzin, 1975 (apud BOMTEMPO, 1999, p. 3) "a atividade lúdica é um meio de ensinar a criança a se colocar na perspectiva do outro".
Ou seja, se as crianças se predispusessem dos recursos de uma brinquedoteca com tempo hábil para brincar, aprenderiam a aceitar a sala de aula como um espaço para adquirir conhecimentos, respeitando aos colegas e professores.
Cumpririam suas tarefas com mais dedicação e consequentemente com mais qualidade porque teriam um tempo maior para as atividades lúdicas, sem cobrança, sem imposição, sem certo ou errado e com extravasamento das energias acumuladas. As salas de aulas provavelmente seriam espaços mais tranquilos, com crianças mais concentradas, mais alegre e estimulante. Rego (1995 apud BOIKO & ZAMBERLAN, 2001, p.11)afirma que é importante que:
As crianças tenham espaço para brincar, assim como opção de mexer no mobiliário, como montar casinhas, cabanas, tendas, etc. Complementa que o tempo que as crianças têm à disposição para brincar também deva ser considerado: ele deve ser suficiente para que as brincadeiras surjam, desenvolvam-se e se encerrem.
A brincadeira faz parte das culturas que vem se repassando ente os povos e entre esses de geração a geração. O brincar trás felicidade e torna o ambiente alegre. O brincar é inerente ao ser humano, pois é uma das primeiras coisas que a criança desde muito pequena faz.  Na fase da descoberta, o bebê elege como brinquedo partes do seu corpo (pés, mão) e depois os brinquedos.
Vygotsky (1982,1988 apud VICTORE & KYSHIMOT, 2001, p.4) ressalta que "o brincar é a etapa mais importante da vida infantil e propicia a criação da situação imaginária, o desenvolvimento da representação, o símbolo".
É nesse processo que a criança elabora, planeja, cria fantasia, erra e toma iniciativa para fazer novamente. Desta forma a criança vai criando segurança, independência e aprendendo que ela é capaz de resolver seus próprios conflitos sem a interferência de um adulto.  Crianças que se tornarão adultos capazes de analisar situações e tomarem decisões assertivas com mais facilidade.
O lúdico promove a aprendizagem de forma gostosa, tranquila e descontraída, o que por sua vez constrói o conhecimento, sem cobranças, imposições, avaliações e restrições.
 A criança nas palavras de Kishimoto, (1997, p.3) [...] ao brincar, desenvolve, ao mesmo tempo, a saúde, socializa-se por meio de interações com os pares, explora o ambiente que a rodeia, expressa seus pensamentos e cria formas próprias de expressão.
Olhando para importância da brinquedoteca como provedora de apoio para o desenvolvimento acadêmico qualitativo da criança em seus vários aspetos, justificado teoricamente por autores preocupados com essa questão, o passo a seguir é propor de forma clara e objetiva o que deve ser feito para que ocorra uma mudança, partindo primeiramente da instituição (escola) que de forma gradativa fortalecerá essa questão junto aos pais e/ou responsáveis.
Estratégias para o psicopedagogo orientar a implantação de uma brinquedoteca
Refletindo sobre a atuação do psicopedagogo junto à instituição escolar, como mediador entre o sujeito aprendente e as diversas esferas onde se insere (família, círculo social, proposta pedagógica, professores, coordenação e etc.). É um trabalho amplo e vai muito além do que simplesmente atuar junto à criança com dificuldades de aprendizagem, que é um dos focos, mas não o principal. Sua atuação na instituição deve ser de caráter preventivo no sentido de identificar os focos geradores de "problemas" que podem derivar se de diversos meios e não só do sujeito isoladamente. A criança muitas vezes acaba carregando o estigma "dificuldade" ou "problema" de aprendizagem porque alguém está nomeando isso nela, ou melhor, ela está sendo reflexo dessa imposição.  São questões que podem surgir em função de excesso de cobrança por parte dos familiares, advinda de uma expectativa em relação ao filho que não está sendo correspondida ou até mesmo da escola porque não acredita e não explora as potencialidades da criança de forma adequada levando em conta a subjetividade de cada um ou porque tem uma tarefa a cumprir em relação aos aspectos formais da instituição.
Pensando se na implantação de uma brinquedoteca na instituição escolar, a presença do psicopedagogo é de fundamental importância, fazendo parte da equipe de profissionais que compõem o corpo docente trabalhando com os mesmos no sentido de elucidar dúvidas quanto a real importância da brinquedoteca e seus benefícios para um bom desempenho da criança em seus diversos aspectos. Atuando também junto à família e responsáveis com argumentos consistentes e convincentes, com respaldo teórico que comprovam a importância do lúdico, do brincar livre e criativo na vida da criança. Ressaltando que deve ser valorizado da mesma maneira que o conteúdo formal da escola.
Destacou se alguns pontos importantes para que a brinquedoteca escolar alcance seus objetivos na instituição. Agora chega se ao ponto crucial para que essa seja uma realidade, que é primeiramente a escolha do local adequado para a instalação da mesma. Salienta se aqui a importância desse trabalho ser feito em forma de equipe principalmente os professores e orientadores (pedagógico e educacional); entendendo com o psicopedagogo cada detalhe. Esses profissionais devem ser preparados com cursos específicos, para sentirem se motivados, fazendo bom uso e permitirem aos alunos explorarem esse espaço.
O espaço para implantação da brinquedoteca deve ser amplo, claro, climatizado e composto por diferentes ambientes onde a criança tenha liberdade para escolher e brincar de acordo com a sua faixa etária e desejo; quer no individual ou no coletivo.
É função do psicopedagogo também esclarecer junto à equipe multidisciplinar que é importante que se tenha um funcionário que seja o mediador na brinquedoteca chamado de brinquedotecário. É importante que tenha uma formação específica para o cargo (curso oferecido pela ABBRI- Associação Brasileira de Brinquedotecas) e que acima de tudo, tenha afinidade com crianças e seja aprovado pelos professores os quais estarão sempre em contato.
Magalhães e Pontes (2002 p. 17) afirmam que existem critérios para escolha do Brinquedotecário que são: "Receptividade, Criatividade,Iniciativa,Autoconfiança,Tolerância e capacidade de negociação".
Frisa se também que a figura do brinquedotecário não é o de tolher as brincadeiras e sim o de fazer "ponte" para que a criatividade seja explorada livremente. Sobre essa questão Barreto (2008 apud Lima & Delmônico 2010, p.1) afirma que:
Brinquedoteca não pode ser utilizada como algo confinador, com princípios e regras rígidas adotadas pelos adultos para ocupar o tempo, de confirmar e disciplinar ao invés de emancipar a criança, com uso errôneo do mesmo como complemento de atividades da sala de aula de forma direcionada, restringindo a liberdade de escolha dos objetos lúdicos do educando.
Refletindo sobre os aspectos abordados e principalmente no último que se refere à figura do brinquedotecário; é papel também do psicopedagogo e estar atento aos possíveis deslizes sobre cobranças e punições inadequadas quanto ao uso da brinquedoteca pelos educandos. Deixando sempre claro que o brincar deve ser livre; instruindo os a respeitar e preservar o espaço, mantendo o organizado, mas sem cobrança quanto ao que deve ser feito como complemento e exigência acadêmica. Pois entende se que o brincar livre como já discorrido nesse artigo trás benefícios no aprendizado, obtenção de conhecimento e crescimento intelectual, emocional, social e afetivo.
 Metodologia
A pesquisa foi realizada sob a perspectiva qualitativa, ou seja, com base em levantamento bibliográfico com identificação de fontes e documentos que pudessem elucidar a problemática.
 Considerações finais
O objetivo aqui foi contribuir através da pesquisa sobre a importância da brinquedoteca no ambiente escolar como espaço mediador de aprendizagens. Ajudando a psicopedagogia e profissionais educadores refletirem e se conscientizarem pela brinquedoteca em tal contexto.
A implantação de uma brinquedoteca no âmbito escolar beneficiará diretamente as crianças do ensino fundamental, principalmente nos anos iniciais, não sendo restritos a esses, podendo se estender sua importância aos anos subsequentes. Alguns aspectos são desenvolvidos através do lúdico ou do brincar; sociais, culturais, cognitivos, físicos e emocionais.
 O benefício da brinquedoteca escolar também é extensivo à família em função dessa criança estar praticando na escola aquilo que não faz em casa por falta de "tempo" dos pais que trabalham em tempo integral. E também de favorecer a formação dessa cultura na criança que poderá dividir com seus pais os resultados positivos do ato de brincar, levando os a entenderem a importância do mesmo. Além de a criança estar vivenciando isso na escola e dividindo com os pais, a própria escola poderá promover encontros entre pais e filhos na brinquedoteca da escola como uma atividade de datas comemorativas (dia dos pais, das mães, do estudante, dia da criança etc.). E finalizando esses encontros um breve "bate papo" de forma descontraída e informal, o psicopedagogo poderá fixar nos mesmos, essa nova cultura na escola e o seu grau de importância na vida dos alunos, da família e consequentemente do aprendizado como um todo.
Referências Bibliográficas
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 Autor do artigo. Edna Amaral Simon –
Fonte: http://www.artigonal.com.

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