A influência do meio, para Vygotsky
"A cognição se constitui pelas experiências sociais, e a importância do ambiente nesse enfoque é fundamental. À medida que aprende, a criança - e seu cérebro - se desenvolve. A ideia é oposta à da maturação, de acordo com a qual se deve aguardar que ela atinja uma prontidão para poder ensiná-la."
Profª Marina Draszevski Gomes
terça-feira, 27 de maio de 2014
sábado, 7 de dezembro de 2013
Os mistérios da mente
Istockphoto
Os mistérios da mente
Entender como o cérebro funciona é importante não só para os alunos, mas para ensinar melhor
Por Thalma Ariani Freitas, biomédica e professora da Universidade Metodista de São Paulo, e Vera Carolina Cambréa Long, bióloga e professora da Universidade Metodista de São Paulo
A Neurociência é o ramo da Biologia que estuda o sistema nervoso. Atualmente, é considerada uma ciência interdisciplinar, pois permite que os estudos moleculares, celulares, estruturais, funcionais, médicos, evolutivos, do desenvolvimento e cibernéticos sejam realizados por diversas áreas do conhecimento, como Química, Medicina, Psicologia, Filosofia, Matemática e Engenharia da Computação.
Os métodos bioquímicos e a produção de imagens do cérebro vivo e intacto, por meio de tomografias e ressonância magnética, estão produzindo conhecimentos essenciais para entendermos o funcionamento cerebral, mas não é de hoje que pesquisadores estão empenhados em desvendar os mistérios da mente humana por meio da Neurociência. No Brasil, a Neurociência teve início a partir de experimentos de Neurofisiologia, pelos irmãos Álvaro e Miguel Ozório de Almeida, no início do século XX. Desde a década de 1920, a partir de estudos de Otto Loewi, busca-se desvendar como acontece a comunicação entre os neurônios, conhecida como sinapse.
Para compreender as sinapses, é importante voltarmos na história. Em 1904, Ramon y Cajal, obteve as primeiras evidências de que o sistema nervoso era formado por células individualizadas, os famosos neurônios.
Os neurônios são responsáveis por receber e transmitir informações. São formados por um corpo celular, onde está localizado o material genético: dendritos, que são prolongamentos responsáveis por receber o estímulo, axônio, que é um prolongamento por onde caminha a informação, e terminações nervosas, responsáveis por transmitir a informação. Nos axônios da maioria dos neurônios há a bainha de mielina, que faz com que a condução da mensagem aconteça mais rapidamente.
Uma característica importante dos neurônios diz respeito à capacidade de gerar e propagar impulsos elétricos. Isso é possível porque há diferença de íons presentes no meio extra e intracelular, o que torna a parte externa da membrana positiva e a interna, negativa. Merecem destaque os íons de sódio e potássio que estão distribuídos, respectivamente, nos meios extra e intracelular.
Na membrana, existem canais iônicos que permitem a entrada e/ou saída de íons das células. Quando ocorre um estímulo, esses canais são abertos, disparando um potencial de ação. Íons de sódio passam para o meio intracelular, gerando uma corrente elétrica que se propaga através da membrana do neurônio, o que faz com que os canais de potássio se abram, liberando íons no meio extracelular, equilibrando as cargas elétricas.
Na sinapse, as membranas dos neurônios não se tocam. Há um espaço entre eles conhecido como fenda sináptica. Mas, se há um espaço entre eles, você deve estar se perguntando: como a informação se propaga de um neurônio para o outro? Isso acontece graças à sinapse química.
Na terminação dos axônios ficam armazenados os neurotransmissores, que são substâncias químicas. Essas substâncias são liberadas na fenda sináptica quando ocorre potencial de ação e se ligam aos receptores presentes na membrana do outro neurônio, gerando uma resposta intracelular.
Existem vários neurotransmissores com funções específicas, ou seja, cada um leva uma mensagem e gera uma resposta diferente. A deficiência nesses neurotransmissores gera prejuízo nas sinapses e pode levar a várias patologias. Por exemplo, a acetilcolina é importante para a memória, a sua deficiência leva à doença de Alzheimer; a dopamina é importante para os movimentos e as emoções. Sua falta leva à doença de Parkinson e o excesso, à esquizofrenia. A depressão é causada pela falta de noradrenalina e serotonina.
O uso de drogas como cocaína, crack, êxtase, maconha, álcool e cigarro também causa prejuízo nas sinapses, inibindo ou estimulando a liberação dos neurotransmissores, o que pode gerar sérias consequências ao organismo.
O sistema nervoso é capaz de alterar sua estrutura ou função em resposta às influências ambientais, fenômeno conhecido como plasticidade. Essa capacidade independe da idade. Quando o cérebro é estimulado com a leitura, atividade física, trabalhos manuais, ou seja, com algo novo, ocorrem alterações no sistema nervoso, novas sinapses são formadas, a comunicação entre os neurônios se torna mais eficaz, o que melhora a concentração, o raciocínio, o aprendizado e a memória.
Quando o estímulo ocorre com algo que é prejudicial, como as drogas de abuso, as modificações são maléficas, podendo gerar prejuízos para o aprendizado e a memória de forma permanente.
Diferentemente do que muitos imaginam, o cérebro necessita de estímulos bons para se manter ativo e, mesmo quando dormimos, ele não “desliga”, continua trabalhando, processando, selecionando e armazenando as informações recebidas ao longo do dia.
Apesar dos avanços da Neurociência, o funcionamento do cérebro continua sendo um grande mistério. Hoje, muitas descobertas estão auxiliando não apenas a medicina, mas também o professor em sala de aula.
No século XIX, Piaget, Vygotsky e Wallon defendiam teorias sobre a interferência da emoção, da atenção, da motivação, da afetividade, da relação com o meio e dos conhecimentos prévios no aprendizado. Com o avanço das pesquisas no campo da Neurociência, é possível constatar que o desenvolvimento cerebral acontece a partir da integração entre o corpo e o meio social. A Psicologia Cognitiva busca formas de explicar como essa relação acontece, como os indivíduos percebem, interpretam e utilizam o conhecimento adquirido.
Ninguém nasce sabendo. Todas as pessoas são capazes de aprender e de se tornarem boas no que fazem. O grande desafio para o século XXI na área da Pedagogia consiste em criar estratégias de ensino inovadoras, capazes de melhorar os processos de ensino e aprendizagem.
Portanto, professor, diversifique sua forma de ensinar. Além de aulas expositivas, use vídeos, imagens, experimentos, cartazes, leitura de artigos de jornais e revistas, estimule trabalhos em equipe e coloque sempre o aluno como centro dos processos de ensino e aprendizagem. Dessa forma, você estará desenvolvendo habilidades diferentes e exercitando o seu cérebro e o de seus alunos também.
Neurociência e Educação
Emoção
Estar atento às emoções dos alunos ajuda a identificar se estão sendo adequadamente estimulados. Se perceber que estão desestimulados, você pode pensar em estratégias para reverter a situação, favorecendo a aprendizagem.
Estar atento às emoções dos alunos ajuda a identificar se estão sendo adequadamente estimulados. Se perceber que estão desestimulados, você pode pensar em estratégias para reverter a situação, favorecendo a aprendizagem.
Motivação
Hoje não se ensina mais como antes: o professor falando e o aluno anotando. É preciso propor atividades diversificadas, estimulantes e desafiadoras, que despertem a curiosidade e a vontade de aprender.
Hoje não se ensina mais como antes: o professor falando e o aluno anotando. É preciso propor atividades diversificadas, estimulantes e desafiadoras, que despertem a curiosidade e a vontade de aprender.
Atenção
A indisciplina e o desinteresse levam à falta de atenção. A interação entre o professor e os alunos e a seleção adequada de situações de aprendizagem são essenciais para combater esse problema.
A indisciplina e o desinteresse levam à falta de atenção. A interação entre o professor e os alunos e a seleção adequada de situações de aprendizagem são essenciais para combater esse problema.
Plasticidade cerebral
Todos somos capazes de aprender. O professor deve estimular e orientar os alunos a desenvolver suas habilidades e suas potencialidades de diferentes formas.
Todos somos capazes de aprender. O professor deve estimular e orientar os alunos a desenvolver suas habilidades e suas potencialidades de diferentes formas.
Memória
Só se aprende de verdade quando o conhecimento tem significado, faz sentido e pode ser utilizado em situações do cotidiano. Cabe ao professor dar condições para que o conhecimento seja resignificado e gravado na memória.
Só se aprende de verdade quando o conhecimento tem significado, faz sentido e pode ser utilizado em situações do cotidiano. Cabe ao professor dar condições para que o conhecimento seja resignificado e gravado na memória.
Dicas para aprender mais e melhor
Escolha um ambiente agradável e silencioso
para estudar.
• Evite se distrair ouvindo música, assaltando a geladeira ou mandando mensagens enquanto estiver estudando. Atenção é fundamental para o aprendizado.
• Retome os estudos de uma aula no mesmo dia. Os conhecimentos estarão “frescos” e será mais fácil assimilá-los.
• Leia e escreva bastante. Esses são os melhores exercícios para o cérebro.
• Exercite o cérebro com atividades desafiadoras, como jogos, quebra-cabeças e estudo de idiomas.
• Tenha uma alimentação saudável, pratique exercícios físicos e durma bem – uma boa noite de sono é essencial para a memória.
• Respire fundo, assim mais oxigênio chegará ao seu cérebro e você conseguirá pensar melhor.
• Estude e explique aos colegas o conteúdo estudado. Ensinar é uma das melhores formas de exercitar a memória e aprender.
• Retome os estudos de uma aula no mesmo dia. Os conhecimentos estarão “frescos” e será mais fácil assimilá-los.
• Leia e escreva bastante. Esses são os melhores exercícios para o cérebro.
• Exercite o cérebro com atividades desafiadoras, como jogos, quebra-cabeças e estudo de idiomas.
• Tenha uma alimentação saudável, pratique exercícios físicos e durma bem – uma boa noite de sono é essencial para a memória.
• Respire fundo, assim mais oxigênio chegará ao seu cérebro e você conseguirá pensar melhor.
• Estude e explique aos colegas o conteúdo estudado. Ensinar é uma das melhores formas de exercitar a memória e aprender.
Em Sala | Guia de atividades didáticas
Refletir o pensar A partir de modelos do sistema nervoso, debata
da ação das drogas aos limites éticos da Neurociência e da tecnologia
1 Separe os alunos em grupos e proponha o desafio de criar modelos didáticos que representem o sistema nervoso. Os modelos podem ser,
por exemplo, de neurônios e sinapses. Os livros didáticos de Biologia trazem ilustrações que podem ser reproduzidas pelos alunos utilizando materiais simples. Oriente o processo de elaboração dos modelos e solicite
aos grupos que os apresente aos colegas, explicando as estruturas e os processos que os modelos representam. Os modelos e apresentações podem ser considerados como avaliação, desde que critérios sejam previamente determinados
e apresentados aos alunos.
2 No site do Projeto Unifesp Virtual, são apresentadas animações sobre a ação de diferentes tipos de drogas no cérebro. A partir da exibição das animações, essa atividade pode ser realizada de diferentes maneiras:
a) O professor pode debater um ou mais vídeos durante a aula.
b) Separados em grupos, os alunos podem criar textos para explicar a ação de cada droga apresentada.
c) Criando modelos didáticos, como aqueles propostos na atividade 1, professores e alunos podem representar a ação das diferentes drogas no cérebro. O mais importante nessa atividade
é que sejam discutidos, em todos
os casos, quais são os efeitos
e as consequências que as drogas causam ao organismo a partir
de sua ação no cérebro.
3 Proponha uma pesquisa detalhada sobre a proposta do cientista brasileiro Miguel Nicolelis, para que
em 2014 um tetraplégico dê o pontapé inicial da Copa do Mundo usando um exoesqueleto. O nome do projeto é Walk Again (www.walkagainproject.org – em inglês). Discuta as implicações éticas, biológicas e tecnológicas desse tipo de pesquisa.
Competências
Apropriar-se de conhecimentos da Biologia para interpretar intervenções científico-tecnológicas
Habilidades
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida; avaliar propostas que visam a preservação e a implementação da saúde individual ou coletiva
Apropriar-se de conhecimentos da Biologia para interpretar intervenções científico-tecnológicas
Habilidades
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida; avaliar propostas que visam a preservação e a implementação da saúde individual ou coletiva
Ler: um ato de revolução cerebral
Ler: um ato de revolução cerebral
O neurocientista Stanislas Dehaene mostra que ler não é algo natural para o cérebro
Mariana Sgarioni
Ao ler esta reportagem você está executando uma tarefa para a qual seu cérebro não foi concebido. Você pode até achar que a leitura é um ato quase automático. Mas seu cérebro não acha. Pelo contrário, ele faz uma verdadeira ginástica para se adaptar ao ato de ler. Neste momento, uma revolução de sinapses está acontecendo a cada fração de segundo para que você possa decifrar as palavras aqui impressas. Isso porque a escrita é algo recente, se pensarmos na escala da evolução humana (tem cerca de cinco mil anos). Quem conseguir se lembrar do próprio processo de alfabetização vai saber que não se trata de algo fácil. “Todas as crianças, seja qual for a língua, encontram dificuldades para aprender a ler. Estima-se que 10%, quando adultas, não dominam a compreensão de texto”, afirma o matemático e neurocientista francês Stanilas Dehaene.
Em seu livro Os neurônios da leitura, o diretor da Unidade de Neuroimagem Cognitiva, em Paris, mostra que pesquisas da psicologia cognitiva experimental comprovaram qual é o centro de reconhecimento da palavra escrita no cérebro. Tal descoberta questiona as metodologias empregadas nas escolas, que, em sua maioria, diz Dehaene, fazem do aluno uma máquina de soletrar, incapaz de prestar atenção no significado. Segundo ele, o cérebro aprende melhor pelo som do que pela imagem. Ou seja: o ensino deveria ser centrado nos fonemas, e não em figuras. Tanto que, foi constatado, há um progressivo aumento da atividade de duas regiões cerebrais ligadas ao tratamento fonológico durante o aprendizado da leitura.
Nascido no norte da França, Dehaene primeiro se dedicou aos estudos da matemática. No entanto, sua paixão sempre foi o funcionamento do cérebro. Hoje, ele também atua como professor no Collège de France e é membro da Academia Francesa de Ciência. Seus primeiros trabalhos foram voltados ao estudo sobre a maneira como o órgão funciona no consciente e no inconsciente. “Meu interesse pela capacidade de ler é porque se trata do principal movimento que o cérebro realiza ao longo da vida. Há outra mudança importante que é o aprendizado da matemática.” Ele pretente que a pedagogia e a psicologia possam se beneficiar dos estudos da neurociência para criar métodos de ensino mais eficazes. “A escola transforma nosso cérebro”, diz. “Para o bem, claro”, completa [risos].
O senhor afirma que a leitura causa uma reviravolta nas nossas funções cerebrais preexistentes. Por quê?
Em primeiro lugar, gostaria de lembrar que a leitura é uma das várias atividades que o homem criou nos últimos milhares de anos. E trata-se de uma das mais recentes. A escrita nasceu há cerca de 5.400 anos e o alfabeto propriamente dito não tem mais de 3.800 anos. Se pensarmos em termos da evolução humana, esse tempo é mínimo. Nosso genoma ainda não teve tempo de se alterar para dar conta de desenvolver um cérebro adaptado à leitura. Por isso, afirmo que o ato de ler é uma revolução: mesmo sem termos esta capacidade, o estudo de imagens cerebrais nos mostra que adquirimos mecanismos extremamente requintados exigidos pelas operações da leitura.
Em primeiro lugar, gostaria de lembrar que a leitura é uma das várias atividades que o homem criou nos últimos milhares de anos. E trata-se de uma das mais recentes. A escrita nasceu há cerca de 5.400 anos e o alfabeto propriamente dito não tem mais de 3.800 anos. Se pensarmos em termos da evolução humana, esse tempo é mínimo. Nosso genoma ainda não teve tempo de se alterar para dar conta de desenvolver um cérebro adaptado à leitura. Por isso, afirmo que o ato de ler é uma revolução: mesmo sem termos esta capacidade, o estudo de imagens cerebrais nos mostra que adquirimos mecanismos extremamente requintados exigidos pelas operações da leitura.
Como isso acontece em nosso cérebro?
Temos uma plasticidade sináptica desde que nascemos até a idade adulta. É ela que faz uma reconversão parcial da arquitetura do nosso córtex visual de primatas para reconhecer letras e palavras. Aprender a ler possibilita uma conversão de redes de neurônios, inicialmente dedicadas ao reconhecimento visual de objetos. Embora não exista uma área pré-programada para a leitura, podemos localizar diversos setores do córtex cerebral como responsáveis pela atividade. Um setor está em contato com as entradas visuais; outro codifica essas entradas com precisão espacial; outro integra as entradas de uma vasta região da retina, e assim sucessivamente. No córtex estão os neurônios mais adaptados à tarefa de ler. Especificamente, nos humanos, quem responde é o córtex occipitotemporal esquerdo. Porém, se no curso da aprendizagem, por alguma razão, essa região não estiver disponível, então a região simétrica do hemisfério direito entra em jogo.
Temos uma plasticidade sináptica desde que nascemos até a idade adulta. É ela que faz uma reconversão parcial da arquitetura do nosso córtex visual de primatas para reconhecer letras e palavras. Aprender a ler possibilita uma conversão de redes de neurônios, inicialmente dedicadas ao reconhecimento visual de objetos. Embora não exista uma área pré-programada para a leitura, podemos localizar diversos setores do córtex cerebral como responsáveis pela atividade. Um setor está em contato com as entradas visuais; outro codifica essas entradas com precisão espacial; outro integra as entradas de uma vasta região da retina, e assim sucessivamente. No córtex estão os neurônios mais adaptados à tarefa de ler. Especificamente, nos humanos, quem responde é o córtex occipitotemporal esquerdo. Porém, se no curso da aprendizagem, por alguma razão, essa região não estiver disponível, então a região simétrica do hemisfério direito entra em jogo.
Isso quer dizer que o cérebro é tão plástico que é capaz de se transformar e atender a qualquer uma de nossas necessidades?
Não. Existe a teoria, aliás, revisitada por inúmeros pesquisadores, que aderem a um modelo que eu chamo de plasticidade generalizada e relativismo cultural. Segundo ela, o cérebro seria tão flexível e maleável que não restringiria em nada a amplitude das atividades humanas. Diferentemente de outras espécies, inclusive, ele seria capaz de absorver toda forma de cultura. Pretendo mostrar em meu livro que dados recentes da imagem cerebral e da neuropsicologia recusam esse modelo simplista. Ao examinar a organização cerebral dos circuitos da leitura, vemos que é falsa a ideia de um cérebro virgem, infinitamente maleável, capaz de absorver todos os dados de sua cultura.
Não. Existe a teoria, aliás, revisitada por inúmeros pesquisadores, que aderem a um modelo que eu chamo de plasticidade generalizada e relativismo cultural. Segundo ela, o cérebro seria tão flexível e maleável que não restringiria em nada a amplitude das atividades humanas. Diferentemente de outras espécies, inclusive, ele seria capaz de absorver toda forma de cultura. Pretendo mostrar em meu livro que dados recentes da imagem cerebral e da neuropsicologia recusam esse modelo simplista. Ao examinar a organização cerebral dos circuitos da leitura, vemos que é falsa a ideia de um cérebro virgem, infinitamente maleável, capaz de absorver todos os dados de sua cultura.
Entretanto, somos capazes de atividades extraordinárias, como ler, por exemplo.
Sim, nosso cérebro é evidentemente capaz de aprender. Porém, essa capacidade é limitada. Em todos os indivíduos do mundo, não importa a cultura ou o idioma, a mesma região cerebral – com diferenças mínimas – é ativada para decifrar palavras escritas. Minha hipótese é diferente desta do relativismo. Proponho o que chamo de “reciclagem neuronal”. De acordo com essa hipótese, acredito que a arquitetura do nosso cérebro é construída com bases fortes genéticas. Mesmo assim, os sentidos do nosso córtex visual possuem uma margem de adaptação, uma vez que a evolução nos dotou de certa plasticidade e capacidade de aprendizagem. Isso quer dizer que os mesmos neurônios que reconhecem rostos ou corpos podem desviar-se de suas preferências e responder a objetos ou formas artificiais, como as letras. Nosso cérebro se molda ao ambiente cultural não respondendo cegamente a tudo o que lhe é imposto. Ele apenas converte a outro uso suas predisposições já presentes. Ele faz o novo com o velho. O cérebro não evoluiu para a escrita, por exemplo. Foi a escrita que evoluiu para nosso cérebro.
Sim, nosso cérebro é evidentemente capaz de aprender. Porém, essa capacidade é limitada. Em todos os indivíduos do mundo, não importa a cultura ou o idioma, a mesma região cerebral – com diferenças mínimas – é ativada para decifrar palavras escritas. Minha hipótese é diferente desta do relativismo. Proponho o que chamo de “reciclagem neuronal”. De acordo com essa hipótese, acredito que a arquitetura do nosso cérebro é construída com bases fortes genéticas. Mesmo assim, os sentidos do nosso córtex visual possuem uma margem de adaptação, uma vez que a evolução nos dotou de certa plasticidade e capacidade de aprendizagem. Isso quer dizer que os mesmos neurônios que reconhecem rostos ou corpos podem desviar-se de suas preferências e responder a objetos ou formas artificiais, como as letras. Nosso cérebro se molda ao ambiente cultural não respondendo cegamente a tudo o que lhe é imposto. Ele apenas converte a outro uso suas predisposições já presentes. Ele faz o novo com o velho. O cérebro não evoluiu para a escrita, por exemplo. Foi a escrita que evoluiu para nosso cérebro.
Como assim?
Examine os sistemas de escrita. Eles revelam numerosos traços em comum. Por exemplo: todos, sem exceção, incluindo caracteres chineses, utilizam um pequeno repertório de base, cuja combinação gera sons, sílabas e palavras. Esta organização se ajusta à hierarquia das nossas áreas corticais cujos neurônios reconhecem unidades de tamanho e invariância crescentes. O tamanho e a posição dos caracteres também correspondem à nossa capacidade de visualização e retenção.
Examine os sistemas de escrita. Eles revelam numerosos traços em comum. Por exemplo: todos, sem exceção, incluindo caracteres chineses, utilizam um pequeno repertório de base, cuja combinação gera sons, sílabas e palavras. Esta organização se ajusta à hierarquia das nossas áreas corticais cujos neurônios reconhecem unidades de tamanho e invariância crescentes. O tamanho e a posição dos caracteres também correspondem à nossa capacidade de visualização e retenção.
Desta forma, existe então um sistema de alfabetização mais eficaz para nosso cérebro?
Sem dúvida. Em vez de focar os esforços no ensino das unidades visuais, é preciso mudar para unidades auditivas. Sons, fonemas. Jogos fonológicos podem auxiliar, desde pequena, a criança a reconhecer palavras. É preciso ajudar a criança a identificar os diferentes sons que compõem uma palavra para só depois fazê-la compreender que as letras representam esses sons. Depois disso é que a criança estará pronta para juntar as letras. Desconfio de cartilhas muito coloridas e bonitas, cheias de desenhos e pouco texto, assim como cartazes desenhados nas paredes da escola que trazem as mesmas letras na mesma posição o ano inteiro. Existe um risco enorme de os alunos – em geral, os mais brilhantes – memorizarem as posições fixas de cada palavra ou a aparência da página. Dão a impressão de saberem ler, mas não sabem.
Sem dúvida. Em vez de focar os esforços no ensino das unidades visuais, é preciso mudar para unidades auditivas. Sons, fonemas. Jogos fonológicos podem auxiliar, desde pequena, a criança a reconhecer palavras. É preciso ajudar a criança a identificar os diferentes sons que compõem uma palavra para só depois fazê-la compreender que as letras representam esses sons. Depois disso é que a criança estará pronta para juntar as letras. Desconfio de cartilhas muito coloridas e bonitas, cheias de desenhos e pouco texto, assim como cartazes desenhados nas paredes da escola que trazem as mesmas letras na mesma posição o ano inteiro. Existe um risco enorme de os alunos – em geral, os mais brilhantes – memorizarem as posições fixas de cada palavra ou a aparência da página. Dão a impressão de saberem ler, mas não sabem.
Existe, portanto, diferença entre aprender a ler e compreender o texto.
Sim, claro. A compreensão daquilo que se lê não está descrita em minha pesquisa. Mas isso requer a mobilização de competências cognitivas muito mais complexas do que as envolvidas no processo da alfabetização. Para compreender não é necessário saber ler. Há adultos analfabetos que entendem muita coisa, apenas não aprenderam a ler.
Sim, claro. A compreensão daquilo que se lê não está descrita em minha pesquisa. Mas isso requer a mobilização de competências cognitivas muito mais complexas do que as envolvidas no processo da alfabetização. Para compreender não é necessário saber ler. Há adultos analfabetos que entendem muita coisa, apenas não aprenderam a ler.
Existe idade ideal para aprender a ler? Há prejuízos quando isso ocorre na idade adulta?
Pesquisei toda a literatura disponível a respeito da idade ideal para a alfabetização. Há países que alfabetizam alunos com seis ou sete anos, e até mais tarde. Outros, com quatro anos. Não encontrei nada que sugira que exista um período crítico para este aprendizado. Não há danos para o cérebro se o aprendizado for mais tarde – ele reconhece objetos novos o tempo todo, não importa a idade. Continuamos aprendendo, mesmo aos 40, 50 anos. Há diversos estudos internacionais com adultos que aprenderam a ler perfeitamente. Portanto, não acredito nesta limitação.
Pesquisei toda a literatura disponível a respeito da idade ideal para a alfabetização. Há países que alfabetizam alunos com seis ou sete anos, e até mais tarde. Outros, com quatro anos. Não encontrei nada que sugira que exista um período crítico para este aprendizado. Não há danos para o cérebro se o aprendizado for mais tarde – ele reconhece objetos novos o tempo todo, não importa a idade. Continuamos aprendendo, mesmo aos 40, 50 anos. Há diversos estudos internacionais com adultos que aprenderam a ler perfeitamente. Portanto, não acredito nesta limitação.
Há alguma ativação cerebral peculiar em quem lê e fala mais de um idioma?
E em quem domina línguas com alfabetos ou grafias diferentes?Nós não sabemos o que se passa exatamente com pessoas bilíngues, ou seja, alfabetizadas em dois idiomas. Fizemos experiências com pessoas que leem chinês e outra língua e constatamos que praticamente a mesma região cerebral é ativada. Evidentemente devem existir microdiferenças, mas nada marcante.
E em quem domina línguas com alfabetos ou grafias diferentes?Nós não sabemos o que se passa exatamente com pessoas bilíngues, ou seja, alfabetizadas em dois idiomas. Fizemos experiências com pessoas que leem chinês e outra língua e constatamos que praticamente a mesma região cerebral é ativada. Evidentemente devem existir microdiferenças, mas nada marcante.
Nosso cérebro decodifica letras e números da mesma maneira?
Não. Os estudos apontam que não é a mesma região cerebral que analisa as letras e os números. Pesquisamos pessoas que perderam a capacidade de ler e que continuam reconhecendo números. Há uma pequena região lateral, a um centímetro daquela que reconhece as palavras, que é a responsável pelos números. As formas das letras e dos números são diferentes e culturais. As letras estão ligadas à linguagem e os números ao senso de quantidade. São dois sistemas diferentes de entendimento.
Não. Os estudos apontam que não é a mesma região cerebral que analisa as letras e os números. Pesquisamos pessoas que perderam a capacidade de ler e que continuam reconhecendo números. Há uma pequena região lateral, a um centímetro daquela que reconhece as palavras, que é a responsável pelos números. As formas das letras e dos números são diferentes e culturais. As letras estão ligadas à linguagem e os números ao senso de quantidade. São dois sistemas diferentes de entendimento.
De que forma acontece a alfabetização no cérebro de pessoas cegas e surdas?
É extraordinário, pois os cegos que aprendem a ler em braile, uma atividade tátil, ativam a mesma região cerebral da leitura. É incrível, pois esta região não recebe estímulos visuais, mas recebe os estímulos táteis. As formas visuais das palavras são ativadas pelo tato, ao tocar as letras em braile. É uma experiência que transforma as imagens em sons, o que demonstra que a língua falada não é exclusivamente visual, ela também é tátil. O aprendizado em braile é muito eficiente. No caso dos surdos, o aprendizado é mais difícil. É como aprender a ler numa outra língua – uma criança brasileira lendo em chinês, por exemplo. Ela não conhece os fonemas, as representações fonéticas. É preciso que o professor tenha o conhecimento dessa dificuldade, e uma maneira de trabalhar é ajudando o aluno a tomar consciência da fonologia, tocando em sua boca a região correspondente ao fonema quando se pronunciam as palavras. Quero lembrar, no entanto, que todas as crianças são capazes de aprender a ler, sem exceção. Algumas com um pouco mais de dificuldade, outras não.
É extraordinário, pois os cegos que aprendem a ler em braile, uma atividade tátil, ativam a mesma região cerebral da leitura. É incrível, pois esta região não recebe estímulos visuais, mas recebe os estímulos táteis. As formas visuais das palavras são ativadas pelo tato, ao tocar as letras em braile. É uma experiência que transforma as imagens em sons, o que demonstra que a língua falada não é exclusivamente visual, ela também é tátil. O aprendizado em braile é muito eficiente. No caso dos surdos, o aprendizado é mais difícil. É como aprender a ler numa outra língua – uma criança brasileira lendo em chinês, por exemplo. Ela não conhece os fonemas, as representações fonéticas. É preciso que o professor tenha o conhecimento dessa dificuldade, e uma maneira de trabalhar é ajudando o aluno a tomar consciência da fonologia, tocando em sua boca a região correspondente ao fonema quando se pronunciam as palavras. Quero lembrar, no entanto, que todas as crianças são capazes de aprender a ler, sem exceção. Algumas com um pouco mais de dificuldade, outras não.
Além das estratégias de sala de aula, há outras atividades que favorecem o aprendizado da leitura e da escrita?
O sono é essencial para consolidar a aprendizagem. É o que cérebro faz durante a noite. Pais que reclamam de dificuldades de aprendizado ou de distúrbios de atenção devem, num primeiro momento, entender que a noite é para dormir e não para ficar no computador ou na televisão. Todos os cérebros são capazes de aprender. Apenas é preciso sistematizar e rotinizar o ensino.
O sono é essencial para consolidar a aprendizagem. É o que cérebro faz durante a noite. Pais que reclamam de dificuldades de aprendizado ou de distúrbios de atenção devem, num primeiro momento, entender que a noite é para dormir e não para ficar no computador ou na televisão. Todos os cérebros são capazes de aprender. Apenas é preciso sistematizar e rotinizar o ensino.
Pesquisas apontam que os brasileiros leem pouco e não praticam a atividade por prazer. Uma das causas pode estar no processo de alfabetização?
Eles podem não ler livros, mas leem muito pela internet. Hoje há formas diferentes de leitura. Na internet, é possível ler bastante, pesquisar, procurar novas informações. Há muito mais pesquisas, por exemplo, do que antes. Não acredito na falência da leitura, muito pelo contrário. Acho que ela vai continuar, mas de outra forma. Assim como nós também evoluímos desde Gutenberg [gráfico alemão que revolucionou a escrita com a invenção da prensa de tipos móveis]. Vamos descobrir novos meios de escrita e leitura. E, com certeza, nosso cérebro vai se moldar novamente.
Eles podem não ler livros, mas leem muito pela internet. Hoje há formas diferentes de leitura. Na internet, é possível ler bastante, pesquisar, procurar novas informações. Há muito mais pesquisas, por exemplo, do que antes. Não acredito na falência da leitura, muito pelo contrário. Acho que ela vai continuar, mas de outra forma. Assim como nós também evoluímos desde Gutenberg [gráfico alemão que revolucionou a escrita com a invenção da prensa de tipos móveis]. Vamos descobrir novos meios de escrita e leitura. E, com certeza, nosso cérebro vai se moldar novamente.
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
A sala é um palco
A sala é um palco
Professores procuram na linguagem teatral uma forma de melhorar suas aulas e descobrem infinitas possibilidades de trabalhar conteúdos diversos com os alunos
Frederico Guimarães
Com uma bengala na mão e um guarda-chuva na outra, o professor de língua portuguesa Júlio César Sbarrais caminha com dificuldade pelos corredores da Escola Estadual Padre Afonso Paschotte, em Mauá, na Grande São Paulo. Enquanto os alunos aguardam o início da aula, ele abre a porta da classe caracterizado da cabeça aos pés: sapatos extravagantes, calças coloridas, maquiagem no rosto e um nariz de palhaço. Fantasia caprichada para arrancar sorrisos dos estudantes da 8ª série do ensino fundamental.
+ Assista a trechos da aula do professor Júlio César Sbarrais
Formado em Letras e Artes Cênicas, Júlio César é o que se pode chamar de "artista-docente", expressão utilizada para denominar educadores que trabalham com a linguagem artística em suas propostas pedagógicas. Desde 2007, o professor recorre ao palhaço "Tinin" para tornar as suas atividades com os alunos mais lúdicas. "Há uma questão pedagógica e didática na linguagem teatral. Apesar de o palhaço ser mudo, ele passa as regras de convivência em sala de aula. Eu uso lousa e giz, mas utilizo o palhaço como uma forma de conquistar o aluno, que tem de dar conta de muita coisa. Esses projetos são válidos no sentido de amenizar a sobrecarga do conteúdo ensinado", afirma o docente.
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
As três peneiras-Sócrates
Sócrates: As três peneiras ... Um homem, procurou ...
As três peneiras ...
Um homem, procurou um sábio e disse-lhe: - Preciso contar-lhe algo sobre alguém! Você não imagina o que me contaram a respeito de... Nem chegou a terminar a frase, quando Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou: - Espere um pouco. O que vai me contar já passou pelo crivo das três peneiras? - Peneiras? Que peneiras? - Sim. A primeira é a da verdade. Você tem certeza de que o que vai me contar é absolutamente verdadeiro? - Não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram! - Então suas palavras já vazaram a primeira peneira. Vamos então para a segunda peneira: a bondade. O que vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito? - Não! Absolutamente, não! - Então suas palavras vazaram, também, a segunda peneira. Vamos agora para a terceira peneira: a necessidade. Você acha mesmo necessário contar-me esse fato, ou mesmo passá-lo adiante? Resolve alguma coisa? Ajuda alguém? Melhora alguma coisa? - Não... Passando pelo crivo das três peneiras, compreendi que nada me resta do que iria contar. E o sábio sorrindo concluiu: - Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, quanto você e os outros iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz! Da próxima vez que ouvir algo, antes de ceder ao impulso de passá-lo adiante, submeta-o ao crivo das três peneiras porque: Pessoas sábias falam sobre idéias; Pessoas comuns falam sobre coisas; Pessoas medíocres falam sobre pessoas.
Um homem, procurou um sábio e disse-lhe: - Preciso contar-lhe algo sobre alguém! Você não imagina o que me contaram a respeito de... Nem chegou a terminar a frase, quando Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou: - Espere um pouco. O que vai me contar já passou pelo crivo das três peneiras? - Peneiras? Que peneiras? - Sim. A primeira é a da verdade. Você tem certeza de que o que vai me contar é absolutamente verdadeiro? - Não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram! - Então suas palavras já vazaram a primeira peneira. Vamos então para a segunda peneira: a bondade. O que vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito? - Não! Absolutamente, não! - Então suas palavras vazaram, também, a segunda peneira. Vamos agora para a terceira peneira: a necessidade. Você acha mesmo necessário contar-me esse fato, ou mesmo passá-lo adiante? Resolve alguma coisa? Ajuda alguém? Melhora alguma coisa? - Não... Passando pelo crivo das três peneiras, compreendi que nada me resta do que iria contar. E o sábio sorrindo concluiu: - Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, quanto você e os outros iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz! Da próxima vez que ouvir algo, antes de ceder ao impulso de passá-lo adiante, submeta-o ao crivo das três peneiras porque: Pessoas sábias falam sobre idéias; Pessoas comuns falam sobre coisas; Pessoas medíocres falam sobre pessoas.
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
OS BRINQUEDISTAS
OS BRINQUEDISTAS
Certamente, não se constrói uma brinquedoteca sem otimismo. É preciso tê-lo em relação ao projeto e comunicá-lo aos outros. O sentimento de esperança faz parte do contexto e a capacidade de amar a humanidade é indispensável. Mas estas não podem ser apenas afirmações românticas, pois, como disse Jeal Vial, esta profissão não suporta amadorismo. O que se exige de fato é que o nível de participação de um brinquedista requer qualidades pessoais específicas.
As qualidades essenciais para um brinquedista incluem:
1. Sensibilidade: É preciso ser sensível o bastante para respeitar a criança e perceber todas as nuances de seus pensamentos e sentimentos, para agir sem ferir suscetibilidades, limitar seu desempenho ou dirigir processos que devem ser espontâneos.
2. Entusiasmo: A alegria é fundamental para favorecer o lúdico. Por outro lado, sem entusiasmo não é possível contaminar o ambiente de forma estimuladora, necessária para novas tentativas e para propagação da criatividade.
3. Determinação: É preciso não desistir, apesar das dificuldades e imprimir um ritmo determinado ao trabalho, caso contrário ele não se desenvolverá a contento. Mesmo que, por vezes, pareça desnecessário cumprir o combinado, abrir em um certo dia ou organizar certas atividades, é preciso manter o ritmo estabelecido. Algumas coisas parecem não ser importantes se forem consideradas isoladamente, porém, com visão do conjunto, constataremos que até um pequeno elo partido pode quebrar a corrente. É preciso determinação para trabalhar mesmo quando parece não valer a pena: um dia veremos que valeu.
4. Competência: As boas intenções não asseguram bons resultados. Se não estudarmos, não refletirmos profundamente sobre o que estudamos, o que observamos e o que fazemos, poderemos errar muito. Uma tarefa bem feita precisa de preparação. É indispensável conhecer como a criança pensa, se desenvolve e quais são suas necessidades nas diferentes etapas do seu desenvolvimento. O brinquedista é um educador e, como tal, precisa de formação acadêmica. O conhecimento sobre o desenvolvimento infantil é tão importante que a equipe da brinquedoteca deve manter reuniões de estudo e discussão de casos. Faz parte também da capacitação do brinquedista o conhecimento sobre brinquedos e jogos. Para essa finalidade são muito importantes as sessões de análise de brinquedos e experimentação dos jogos e de suas regras.
De maneira geral, o brinquedista deve ser uma pessoa capaz de rir facilmente, mesmo nos dias mais cansativos; possuir boa capacidade de se comunicar e paciência para lidar com a inquietude das crianças e com as exigências de certos pais. Alguém que tenha disponibilidade afetiva para brincar muitas vezes; que não se apavore com a desordem e encare bem ter que arrumar tudo várias vezes. Acima de tudo, que goste muito de brincar.
Será que existem pessoas com todas essas qualidades? Existem sim: são aquelas que se solidarizam com as crianças e que, por amor a elas, querem proporcionar-lhes horas felizes na brinquedoteca.
Brincar com uma criança é uma forma de demonstrar amor por ela, mas... somente quando tivermos certeza de que isto é o que ela deseja. Algumas vezes, os adultos interferem sem necessidade, só para dar sua opinião ou para tentar dirigir a brincadeira, não respeitando, assim, o tempo da criança nem seu jeito de brincar.
Não se deve interromper a concentração de uma criança que está brincando. O momento em que ela está totalmente absorvida pelo seu brinquedo é muito especial, um momento mágico e precioso, onde ela exercita uma capacidade da maior importância e da qual dependerá sua eficiência profissional quando for adulta, a capacidade de observar e de manter a atenção concentrada.
Brincar junto reforça os laços afetivos. Geralmente, as crianças gostam que um adulto brinque com elas, pois a presença dele dá mais importância ao jogo. Somente com humildade e sensibilidade se pode perceber se é hora ou não de intervir, entretanto, se não houver um convite por parte da criança, a interferência do adulto deve se limitar a uma sugestão, um estímulo, um esclarecimento ou uma participação de igual para igual, para não haver restrição à iniciativa das crianças.
Um aspecto muito positivo da participação do adulto no jogo pode ser a introdução do hábito de guardar os brinquedos quando a brincadeira terminar. Os pais, a professora ou o brinquedista podem fazer com que o ato de guardar seja uma parte natural da atividade realizada alegremente. Quando as crianças ajudam, mesmo que seja só um pouquinho, com o tempo vão adquirindo o hábito de deixar as coisas arrumadas.
Para os casos em que uma pequena ajuda é necessária para motivar as crianças ou para enriquecer a brincadeira, damos algumas sugestões:
· Apresente o brinquedo à criança demonstrando interesse.
· Explique as regras do jogo.
· Introduza propostas novas.
· Aumente as oportunidades em todos os sentidos.
· Estimule a solução de problemas.
· Reduza a dificuldade quando a criança estiver para desistir.
· Aumente as dificuldades se o jogo for fácil demais.
· Encoraje as manifestações espontâneas.
· Escolha brinquedos adequados ao interesse e ao nível de desenvolvimento da criança.
· Prepare o ambiente, mas não conduza a atividade. Deixe que a criança tome a iniciativa.
· Dê tempo para que a criança possa explorar o material.
· Deixe que ela tente sozinha mas esteja disponível se ela pedir ajuda.
· Simplifique a atividade se verificar que está sendo muito difícil para ela e gradualmente vá aumentando a dificuldade para manter o desafio.
· Encoraje e elogie, mas sem infantilizar a criança.
· Alterne sua participação com a da criança se isso a motiva.
· Não deixe a atividade esgotar-se até saturar a criança. Pare na hora certa para que ela tenha motivação para brincar outro dia.
· Transforme o ato de guardar o jogo em uma atividade alegre e rotineira.
· Não diga que a criança errou. Ela apenas ainda não aprendeu. Faça com que ela sinta que é capaz de aprender e dê-lhe o tempo que ela precisar para isso.
ATIVIDADE
1. Proponha uma maneira divertida para as crianças guardarem os brinquedos no termino do período, visto que essa atividade estimula o habito de deixar as coisas arrumadas.
2. Sugira uma oficina para consertar os brinquedos quebrados.
3. Tendo em vista que a troca de brinquedos é importante – já permite que as crianças tenham contato com diversos brinquedos –, elabore uma proposta que permita essa experiência à criança.
SUGESTÃO DE LEITURA
CUNHA, Nylse Helena Silva. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. 4ªed. São Paulo. Aquariana. 2007.
Fonte: http://formacaodobrinquedista.blogspot.com.br
Brinquedos de Papelão
Brinquedos de Papelão
3 comentários Hellooo!!É férias!!! E nas férias não existe coisa melhor pra fazer a não ser brincar, não é? Agora fazer o seu próprio brinquedo é bem mais divertido!!!!
Então para as mães arteiras ai vai algumas ideias de brinquedos de papelão para você mesmo fazer para seus filhos! Vamos ver?
Olha este aqui para os bebês da casa, com caixa de bicicleta da pra fazer uma linda cidade de brinquedo para eles!! Com certeza vão amar!!
Deu até vontade de brincar agora!! rsrs... estas imagens são daqui e daqui. às 15:42 3 comentários:
Carros de Papelão para festinhas
0 comentários Olá!!! Pras mamães que estão planejando a festa de seu garotão, olhem só que dica bacana eu vim mostrar... Se o tema for Carros, esta dica vai ser da hora! Usando caixas de papelão, faça você mesma os personagens pra criançada brincar a vontade no dia da festa. E não só as crianças né??? Vai ter até pai babão no meio da bagunça. Linda ideia pra mamães arteiras botar em prática rapidinho.Confere aí...
Não é demais? Eu piro com estas ideias recicladas. Daqui. às 15:42 Nenhum comentário:
Expositor de carrinhos reciclado
0 comentários Eu já tinha postado aqui uma ideia para fazer um expositor de carrinhos para o quartos dos meninos, mas este aqui tirou de letra. Sou xonada em caixotes reciclados!!! Alguém pode, por favor, me dizer onde eu encontro um destes?Esta seria a forma mais linda e maravilhosa de organizar os hot wheels dos meninos.
Eu querooooooooo! Vi aqui. às 15:41 Nenhum comentário:
DOMINGO, 23 DE DEZEMBRO DE 2012
Bichinhos de copos descartáveis
3 comentários Ai eles não são fofos? Feitos com copos descatáveis, dá pra acreditar? Idéias maravilhosas do Professor Sassá.às 18:51 3 comentários:
QUINTA-FEIRA, 13 DE SETEMBRO DE 2012
Lagarta com reciclagem de caixa de ovo
0 comentários Uma dica muita divertida para trabalhar na escola com os alunos ou em casa com os filhos é fazer brinquedos reciclados... vamos aprender a fazer uma lagarta com reciclagem de caixa de ovo, super fácil! Pra fazer basta você cortar a caixa (uma caixa pequena dá duas lagartas) e pintar como quiser, amei esta super colorida!!! Faça o rostinho e os outros detalhes e está prontaaa!!!Usando caixa de ovos, você também pode fazer outros bichinhos, que tal?
Créditos: Poofy Cheeks às 12:55 Nenhum comentário:
Brinquedos reciclados - Vai-e-vem
1 comentários Pessoal, vamos fazer um vai e vem reciclado, mas não é um simples não: é um vai e vem em forma de abelha ou joaninha. Fofo demais! Vamos aprender? Pra fazer você vai precisar pintar um vidro de iogurte na cor específica (joaninha ou abelha). Cole nela uma bolinha de isopor que vai ser a cabeça. Pra passar o cordão você vai precisar de um retrós de linha vazio. Passe uma fita para colar o retrós. Depois faça as asinhas e decore. Pra fazer os puxadores você pode usar tampinhas de garrafa pet. A dica pode ser usada como lembrancinha para a primavera ou Dia das Crianças. Veja outras ideias feitas com reciclagem de garrafa pet.às 12:45 Um comentário:
SÁBADO, 2 DE JUNHO DE 2012
10 ideias para fazer brinquedos reciclados
6 comentários Postei aqui 10 ideias para reciclar materiais variados e fazer lindos brinquedos para as crianças... Créditos das ideias para o Professor Sassá. Que tal contar lindas histórias com o cachorrinho feito com pacote de pão? Este cachorrinho de potinho de danette tá fofo né?Depois do lanche, recicle as embalagens pra brincar na praia...
Vrummmm... carrinho com vidro de shampoo e tampinha de garrafa pet.
Vamos inovar, em vez de porco que tal cachorro-cofre?
Com reciclagem de garrafa pet.
Ao infinito e além!!! O foguete de vidro de detergente ficou lindoooooo!!!
Gatinha fofa com vidro de amaciante, pras meninas.
Mais uma ideia ótima para contar histórias... gatinho com caixa de papelão.
Gente que demais esta aqui... eu tinha inúmeros potes de toddy e nunca imaginei fazer um hipopótamo tão fofo como este...
O sapo não lava o pé... não lava porque não quer...
Vamos cantar e brincar? Máscara com prato descartável.
Brinquedos reciclados com CD's usados
2 comentários Oi gente! Ideias simples são sempre as melhores ideias... não é verdade? Neste post quero mostrar como podemos transformar CD's usados em brinquedos pra lá de divertidos para os nosso filhos... vamos conferir? Da revista Professor Sassá.Aproveite e faça com seus alunos na semana do meio ambiente!!!
às 00:56 2 comentários:
TERÇA-FEIRA, 3 DE ABRIL DE 2012
Pé-de-lata com latinha de nescau
0 comentários Oi gente!!! Vamos aprender a um pé-de-latas com latinhas de nescau, é bem fácil. Este objeto ajuda a trabalhar o equilíbrio dos alunos e também a flexibilização para alunos com deficiência física nos membros inferiores. Vamos aprender?MATERIAL
- 02 latas de nescau (pode ser leite, mucilon, ou a que preferir); - 02 pedaços de barbante de 1,5 mt - 02 tubos de papel higiênico - 01 prego mais grosso que o barbante - Martelo, cola e material para decorar
Como que faz?
Vamos aprender a fazer. Com o prego faça dois furos nas latas, sendo um na frente do outro. Passe o barbante por dentro do tubo de papelão que servirá para segurar (ou faça proteção colando um pedaço de EVA como na foto). Agora, vire a lata de boca pra baixo e passe o barbante pelos furos, cada ponta em um buraco e amarre bem forte por dentro.
Prontinho... agora é só decora à vontade pintando ou colando papel ou EVA no seu pé-de-lata. Veja que graça este pé-de-lata da revista Maestra Jardineira, ótimo para se inspirar...
às 16:16 Nenhum comentário:
Indios com embalagens de desodorante
0 comentários Oi! Uma gracinha esta atividade... os indiozinhos, feitos com reciclagem de embalagens de desodorante e papel maché, com certeza vão ser destaque nas atividades para o Dia do Índio. De que você vai precisar: 200 gr de papel maché pronto, 1/2 copo de água, tinta acrílica, tinta relevo, embalagens de desodorante vazias... Como que faz? 1. Coloque o papel maché (já vem pronto) numa tigela e despeje a água. Se preferir faça você mesmo o papel maché em casa, veja receita AQUI. 2. Misture bem amassando com as mãos até formar uma massa lisa. 3. Cubra toda a embalagem com esta mistura. Deixe secar. 4. Depois de seco, pinte todo o corpo, cobrindo toda a massa. Agora pinte o cabelo. 5. Com um pincel fino ou a tinta relevo, termine os detalhes da pintura. Faça a tanga, a boca, os olhos, o colar, os braços e as pernas. Prontinho!Idéia da revista Professor Sassá.
às 16:07 Nenhum comentário:
Ganchos reciclados para quartos infantis
1 comentários Oieee gente! Se meus filhos vêem estas dicas que achei no blog Dicas pra mamãe, eles piram, porque eu já pirei! Geralmente a gente vê poucas idéias bacanas para o quarto dos meninos não é mesmo? Estas são muito legais e super fáceis de fazer, ótima para reciclar brinquedos antigos, vamos conferir? Gancho super bacana feitos com brinquedinhos antigos. Super original! E estes então... Aqui em casa tem um monte destes que, depois que os meninos cresceram, foram esquecidos em alguma caixa... eu vou procurar e fazer um gancho, pode crer!!! Estas e outras idéias no blog Dicas pra mamãe, visitem, curtam e sejam seguidores... Eu tô escrevendo lá... rs... às 16:05 Um comentário:QUARTA-FEIRA, 14 DE SETEMBRO DE 2011
Bichinhos feitos com CD's reciclados
3 comentários Oi gente do blog! Quer fazer lembrancinhas de animais reciclados com CD's? Fica aí a dica de idéias originais para lembrancinha para o Dia das Crianças e Dia dos Animais: porta lápis, porta pincéis, ponteiras... todos reciclados com CD's! fonte: http://reciclagemesucata.blogspot.com.br.
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